Situação I : manipulando
títeres
Um
senhor de cabelos brancos entra em cena. O cenário improvisado é forrado de
papelão e cortinas negras ao fundo. Ele abandona duas maletas de couro pretas
no centro do palco e sai de cena. Sobre cada uma delas está escrito em letras
cursivas brancas Calder. Em seguida ele retorna à cena. Este senhor é
Alexander Calder, em uma performance filmada por Jean Painlevé em 1955 (hoje
disponível na Internet). Trata-se da obra “Le Grand Cirque”, construída em 1927, nos anos em que o artista engenhoso
viveu em Paris. O espetáculo continua. Das mãos alvas e reluzentes deste senhor
de camisa preta arremangada, vemos surgir uma coleção de objetos manufaturados
para serem manipulados. O repertório é extenso: são elefantes, picadeiros,
palhaços, cavalos, bicicletas, equilibristas, trapezistas. Todos estes pequenos
seres animados pelas mãos do artista são esculturas articuladas de arame sustentadas
por sistemas mecânicos simples. Ao manipular seus personagens, Calder parece
estar inteiro ali, divertindo-se com gestos ensaiados, que reforçam a ideia de controle
sobre seu pequeno paraíso artificial.
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