quarta-feira, 25 de abril de 2012


Situação I : manipulando títeres
Um senhor de cabelos brancos entra em cena. O cenário improvisado é forrado de papelão e cortinas negras ao fundo. Ele abandona duas maletas de couro pretas no centro do palco e sai de cena. Sobre cada uma delas está escrito em letras cursivas brancas Calder.  Em seguida ele retorna à cena. Este senhor é Alexander Calder, em uma performance filmada por Jean Painlevé em 1955 (hoje disponível na Internet). Trata-se da obra “Le Grand Cirque”,  construída em 1927, nos anos em que o artista engenhoso viveu em Paris. O espetáculo continua. Das mãos alvas e reluzentes deste senhor de camisa preta arremangada, vemos surgir uma coleção de objetos manufaturados para serem manipulados. O repertório é extenso: são elefantes, picadeiros, palhaços, cavalos, bicicletas, equilibristas, trapezistas. Todos estes pequenos seres animados pelas mãos do artista são esculturas articuladas de arame sustentadas por sistemas mecânicos simples. Ao manipular seus personagens, Calder parece estar inteiro ali, divertindo-se com gestos ensaiados, que reforçam a ideia de controle sobre seu pequeno paraíso artificial.

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