terça-feira, 7 de junho de 2011

Salva pelo quase


ela estava cansada do jogo.
parecia conhecer os pormenores de cada um de seus esconderijos, todos os velhos truques, e enjoava ao olhar as cartas q permaneciam imóveis na mesa.
o interior a sufocava.
ao mirar as janelas, avistava ar puro, iludia-se com o movimento.
desejava ser aquela pequena mosca cega a bater no vidro com perspicácia, num impulso insano da vida a ignorar a morte.
queria acreditar num fluxo sem fim, queria jogar-se por inteiro. acreditar na própria sorte, como faz o animal. e só.

sua vida em um lance de dados: o resultado foi 4 + 2.

concluiu que, naquela manhã, andaria 4 km e, pela tarde, mais 2km.

tão logo ela correu para colocar o tênis, começara a chuva, carregando consigo a sensação de que ela fora salva pelo quase.
abriu a janela, a mosca se foi. então ela sentiu o gotejar gelado em seu rosto.
ela encerrava-se ali.

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